"O atual desafio da arquitetura é entender o mundo rural", Rem Koolhaas. O projeto consiste na reforma e criação de uma casa em meio à natureza composta por três pavilhões inserida e um outro pavilhão como "escritório conectado". O objetivo era convertê-la numa residência que qualificasse as necessidades habitacionais cujas carências a recente pandemia evidenciou, adaptá-la à sua situação atual, melhorar a eficiência energética e enriquecer a qualidade de vida dos proprietários. A origem da casa foi a transformação de um antigo galpão de madeira cuja estrutura foi mantida quase sem alterações devido à sua singularidade.
Novas construções foram propostas, não concorrendo com a original, criando passagens mutáveis, articuladas na natureza, ligadas por paredes espessas. Cada pavilhão constrói arquiteturas diferentes. "A natureza torna-se paisagem quando o homem a enquadra" Le Corbusier. Arquitetura de linhas simples que respeita a natureza, de horizontalidade marcada e que toma a paisagem emprestada. Composta por quatro pavilhões espalhados que vão procurando a relação com a natureza. Envolvem-se e deixam-se proteger pelas árvores existentes na quinta “paisagens naturais díspares”, olham para a profundidade da Vega, comprometem-se com a paisagem.
A casa localiza-se numa parcela de terreno de 1000m² em Granada. O limite visual é estabelecido pelos cumes brancos da Serra Nevada. Vega: paisagem horizontal lavrada de grande extensão, fragmentada por plantações de choupos e construções isoladas. A paisagem modifica-se com o tempo, o passar das estações, as variações do clima, a diferença das colheitas. A casa abraça as árvores existentes, devido à sua idade são esculturas na paisagem. O traçado as contorna, protege as construções, torna-as sustentáveis usando como tecnologia de base a natureza. Criam-se pátios em cada pavilhão, o exterior é medicinal para os usuários. A empena é alargada (80cm) no seu interior para abrigar o corredor que dá acesso aos pavilhões. Estes aparecem na casa por fascínio, associados a paisagens díspares. A galeria é o portal, o lugar onde as memórias se apagam e permitem aceder a outras novas. Experiências e percepções que estabelecem no espaço arquitetônico uma influência emocional.
Quatro edifícios; de madeira (quartos), o tempo atuou e sua cor é a das árvores, de vidro (sala), aberta à varanda para o jardim, uma grande nogueira a acolhe, reflexiva, imersa num arvoredo, percebe sua magnitude ampliada (cozinha), e resguardada (escritório), que permite o trabalho em casa, online, solicitado pela pandemia. A parede divisória no interior é um corredor em penumbra. As entranhas de uma parede de tijolos, que é construída para conectar, cria um limiar para surpreender com a paisagem heteróclita de cada pavilhão. Constroem-se variáveis na relação entre os edifícios e a natureza. Eles estão abrigados em plataformas flutuantes (quartos), o limite desaparece (sala), são mergulhados na floresta (cozinha), ou estão protegidos sob um olmeiro centenário (escritório). Cria-se um lugar onde cada dia é excitante para viver, tranquilo para pensar.